sábado, 25 de fevereiro de 2012

Ser impaciente e desistir de educar

    

       Havia um aluno muito agressivo e inquieto. Ele perturbava a classe e arrumava frequentes confusões. Era insolente, desacatava a todos. Repetia os mesmos erros com frequencia. Parecia incorrigível. Os professores não o suportavam. Cogitaram em expulsá-lo.
       Antes da expulsão, entrou em cena um professor que resolveu investir no aluno. Todos acharam que era perda de tempo. Mesmo não tendo apoio dos colegas, ele começou a envolver o aluno, a brincar e a levá-lo para tomar sorvete, passear. Professor e aluno construiriam uma ponte entre seus mundos. Você já construiu alguma vez uma ponte como está com as pessoas difíceis? 
    O professor descobriu que o pai do aluno era alcoólatra e espancava tanto ele como a mãe.       Compreendeu que o jovem, aparentemente insensível, já tinha chorado muito, e agora suas lágrimas estavam secas. Entendeu que a sua agressividade era uma reação desesperada de quem estava pedindo ajuda. Só que ninguém decifrava sua linguagem. Seus gritos eram surdos. Era muito mais fácil julgá-lo. A dor da mãe e a violência do pai produziram zonas de conflitos na memória do rapaz. Sua agresividade era um eco da agressividade que recebia. Ele não era réu, era Vitima. Seu mundo emocional não tinha cores. Não lhe deram o direito de brincar, sorrir e ver a vida com confiança. Agora, estava perdendo o direito de estudar, de ter a unica chance de ser um grande homem. Estava para ser expulso.
       Ao tomar conhecimento da situação, o professor começou a conquistá-lo. O jovem sentiu-se querido, apoiado e valorizado. O professor começou a educar-lhe a emoção. Ele percebeu, logo nos primeiros dias, que por trás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto.
      Não demorou muitas semanas para todos estarem espantados com a sua mudança. O rapaz revoltado começou a respeitar. O garoto agressivo começou a ser afetivo. Ele cresceu e se tornou um adulto extraordinário. E tudo isso porque alguém não desistiu dele.
    Todos querem educar jovens dóceis, mas são os que nos frustram que testam nossa qualidade de educadores. São seus filhos complicados que testam a grandeza do seu amor. Seus alunos insuportaveis é que testam seu humanismo. Pais brilhantes e professores fascinantes não desistem dos jovens, ainda que eles os decepcionem e não lhes dêem retorno imediato. Paciência é o seu segredo, a educação do afeto é sua meta.
     Gostaria que todos vocês acreditassem que os jovens que mais os decepcionam hoje poderão ser os que mais lhes darão alegria no futuro. Basta investir neles.

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